domingo, junho 10, 2007

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas


A formosura desta fresca serra,
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;

O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do sol pelos outeiros,

O recolher dos gados derradeiros
Das nuvens pelo ar a branda guerra.

Enfim, tudo o que a rara natureza
Com tanta variedade nos ofrece (1),
Me está, se não te vejo, magoando.

Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando
Nas mores (2) alegrias mor (2) tristeza.

(1) ofrece – forma arcaica de oferece
(2)
mor /mores – forma arcaica de maior / maiores

Luís de Camões
(in Sonetos de Luís de Camões / escolhidos por Eugénio de Andrade, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000)


http://www.instituto-camoes.pt

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