terça-feira, fevereiro 13, 2007

Cartas de Amor

Cartas de amor do tempo em que não havia Internet nem emails.

Isabelinha
A primeira cousa que compro assim que sair de casa é uma caneta para te escrever. Quero escrever-te antes das 4 e não encontro outro objecto senão este lápis.
Hoje e ontem não recebi carta tua. Fico preocupado. É possível que estejas de saúde, mas como posso sabê-lo? Por isso, cada vez que não tiveres possibilidade de escrever farás uma cousa muito agradável se me mandares um telegrama.




António, sinto-me sempre mal longe de ti. Tu se me visses por um óculo talvez não me recenhecesses. Curvo-me logo, ando com um andar hesitante e parece-me que devo parecer pateta. É como se estivesse sempre ausente. Também me enervo com muita facilidade. [...] Sinto uma necessidade constante de falar de ti.


in Só para o meu amor é sempre Maio - Cartas do Verão de 1943 de António José Saraiva e Maria Isabel Saraiva. Gradiva.

2 comentários:

Anónimo disse...

Excelente escolha.
warm regards,
m.m.

Maria disse...

É bonito falar de amor e aqui a qualidade é evidente. Há a simplicidade dos sentimentos partilhados com uma enorme franqueza, mesmo quando resultam de arrufos. É uma obra de referência e enternecedora.