Em Portugal, o Halloween não faz parte das festividades nacionais mas a sua data não deixa de ser assinalada nas aulas de Língua Inglesa, nem que seja a título de passagem.
O grotesco das máscaras remete-nos para ambientes escuros e de medos.
O receio do desconhecido não se limita aos festejos e brincadeiras de uma noite a chegar a Novembro.
Esses sentimentos tornam-se tema de ficção escrita que alimenta filmes de suspense e terror. Também a nossa literatura chamada "gótica" recorre a estes ambientes arrepiantes.
Aqui fica um excerto de A Semana Santa de Alexandre Herculano:
VIII
Eis que a turba rareia.
Ermam bem poucos
Do templo na amplidão: só lá no escuro
De afumada capela o justo as preces
Ergue pio ao Senhor, as preces puras
De um coração que espera, e não mentidas
De lábios de impostor, que engana os homens
Com seu meneio hipócrita, calando
Na alma lodosa da blasfémia o grito.
Então exultarão os bons, e o ímpio,
Que passou, tremerá. Enfim, de vivos,
Da voz, do respirar o som confuso
Vem confundir-se no ferver das praças,
E pela galilé só ruge o vento.
Em trevas não, ficou silenciosas
O sagrado recinto: os candeeiros,
No gelado ambiente ardendo a custo,
Espalham débeis raios, que reflectem
Das pedras pela alvura; o negro mocho,
Companheiro do morto, hórrido pio
Solta lã da cornija: pelas fendas
Dos sepulcros desliza fumo espesso;
Ondeia pela nave, e esvai-se. Longo
Suspirar não se ouviu? Olhai!, lá se erguem,
Sacudindo o sudário, em peso os morros!
Mortos, quem vos chamou? O som da tuba
Ainda do Josafat não fere os vales.
Dormi, dormi: deixai passar as eras...
Assustador, não?
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