A formosura desta fresca serra,
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;
O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros
Das nuvens pelo ar a branda guerra.
Enfim, tudo o que a rara natureza
Com tanta variedade nos ofrece (1),
Me está, se não te vejo, magoando.
Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando
Nas mores (2) alegrias mor (2) tristeza.
(1) ofrece – forma arcaica de oferece
(2) mor /mores – forma arcaica de maior / maiores
(in Sonetos de Luís de Camões / escolhidos por Eugénio de Andrade, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000)
http://www.instituto-camoes.pt
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