O júri do Prémio Camões distinguiu, ontem, a obra de António Lobo Antunes.
A sua vivência riquíssima conta-se agora em diversas páginas de jornal e da Internet, mas para além do escritor, existe um homem comedido pouco dado a exposições.
A sua escrita inovadora e muito própria, torna-se difícil, à partida, mas aí está um desafio para ti, nesta malha onde ficção e realidade se misturam, num tom, por vezes confessional.
Letras premiadas e de grande qualidade.
Como sugestão, aqui fica Ontem não te vi em Babilónia .
Uma noite ninguém dorme, e durante a meia-noite a as cinco da manhã, as pessoas sonham acordadas no sono: contam e inventam as suas vidas e as suas histórias, ou as histórias em que transformam as suas vidas, ou as vidas que transformaram em histórias. Podem ser vidas cruéis, de medo, de uma cicatriz interior, de algo que talvez fosse o Estado português de outros tempos. Podem ser vidas de amores passados, de lápides varridas, de um desejo de uma vida inteira, de se poder ser feliz sem pensar. Nestas histórias, nestes silêncios destas falas, nos risos e nas traições, vamos identificando a noite de um país, a noite cheia de vozes de todos nós, e a noite silenciosa que é o isolamento de cada um. Como diz o autor - “porque aquilo que escrevo poder ler-se no escuro”.
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